terça-feira, 22 de abril de 2025

O vinho segundo a Bíblia.


 

JESUS E O VINHO





AS BODAS DE CANÁ


Muitos cristãos bem intencionados crêem que o “bom vinho” que Jesus produziu em Caná (João 2:10) foi “bom” por causa de seu elevado teor alcoólico. Esta crença sustenta-se sobre três principais pressupostos. Primeiro, presume-se que os judeus não sabiam como evitar a fermentação do suco de uva; e sendo que a estação do casamento foi pouco antes da Primavera (cf. João 2:13), ou seja, seis meses após a colheita da uva, o vinho utilizado em Caná tinha amplo tempo para fermentar.

Em segundo lugar, presume-se que a descrição dada pelo mestre do banquete quanto ao vinho propiciado por Cristo como “o bom vinho” significa um vinho alcoólica de alta qualidade. Em terceiro lugar, presume-se que a expressão “beberam fartamente “ (João 2:10), empregada pelo mestre do banquete, indica que os convidados estavam intoxicados por terem estado bebendo vinho fermentado. Conseqüentemente, o vinho que Jesus fez deve também ter sido fermentado.

Em face da importância que essas pressuposições desempenham em determinar a natureza do vinho propiciado por Cristo, examinaremos brevemente cada uma delas.

O primeiro pressuposto é desmentido por numerosos testemunhos do mundo romano dos tempos do Novo Testamento que descrevem vários métodos de preservar o suco de uva. Vimos no boletim ENDTIME ISSUES No. 81 que a preservação de suco de uva não-fermentado era em certos aspectos um processo mais simples do que a preservação de vinho fermentado. Destarte, a possibilidade existia de suprir suco de uva não-fermentado na boda de Caná, próximo à estação a Páscoa, uma vez que tal bebida podia ser mantida sem fermentação por todo o ano.

“O Bom Vinho”. O segundo pressuposto é de que o vinho que Jesus propiciou foi chamado de “o bom vinho” (João 2:10) pelo mestre do banquete por causa de seu nível elevado de teor alcoólico toma por base o gosto dos bebedores do século vinte que definem um bom vinho em grande medida por seu vigor alcoólico. Isto, porém, não é necessariamente verdadeiro no mundo romano dos tempos neotestamentários, quando os melhores vinhos eram aqueles cuja potência alcoólica havia sido removida por fervura ou filtração.

Plínio, por exemplo, declaa que os “vinhos são de maior benefício (utilissimum) quando todo o seu vigor havia sido removido pelo filtrador”.1 De modo semelhante, Plutarco assinala que o vinho é “muito mais agradável de se beber” quando “nem inflama o cérebro nem infesta a mente ou as paixões” 2 porque sua força foi removida mediante freqüente filtragem.

O Talmude indica que beber sob o acompanhamento de instrumentos musicais em ocasiões festivas, como numa festa matrimonial era proibido.3 Esta última afirmação é confirmada por testemunhos posteriores de rabinos. Por exemplo, o Rabino S. M. Isaac, um destacado rabino do século XIX e editor do The Jewish Messenger, diz: “Os judeus, em suas festas para propósitos sagrados, inclusive a festa matrimonial, jamas empregam qualquer tipo de bebida fermentada. Em suas oblações e libações, tanto em privado como em público, empregado o fruto da vide--ou seja, uvas frescas--suco de uva não-fermentado, e passas, como símbolo de bênção. A fermentação é para eles sempre um símbolo de corrupção”.4 Conquanto a declaraçao do Rabino Isaac não seja bem exata, uma vez que fontes judaicas não são unânimes quanto ao tipo de vinho a ser empregado durante festivais sagrados, ainda indica que alguns judeus empregavam vinho sem fermento por ocasião de festas matrimoniais.

“Beberam Fartamente”. O terceiro pressuposto de que a expressão “beberam fartamente” (João 2:10) indique que os convivas da festa matrimonial estavam intoxicados e assim o “bom vinho” propiciado por Cristo deve também ter sido intoxicante, interpreta e aplica mal o comentário do mestre do banquete, e passa por alto o uso mais amplo do verbo. O comentário em questão não foi feito com referência a essa festa matrimonial em particular, mas à prática geral entre os que promoviam festas: “Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior . . “. (João 2:10). Esse comentário faz parte das atividades regulares de um mestre de banquete contratado, antes que ser uma descrição real do estado de intoxicação numa festa em particular.

Outra consideração importante é o fato de que o verbo grego methusko, traduzido por alguns como “bem bêbado”, pode também significar “beber livremente”, como vertido na Revised Stardard Version (em inglês), sem qualquer implicação de intoxicação. Em seu artigo sobre este verbo no Theological Dictionary of the New Testament, Herbert Preisker faz notar que “Methuskomai é utilizado sem qualquer julgamento ético ou religioso em João 2:10, em ligação com a regra de que o vinho mais pobre é servido somente quando os convidados tinham bebido bem”.5

Implicações Morais. O verbo methusko em João 2:10 é usado no sentido de saciar. Refere-se simplesmente à grande quantidade de vinho geralmente consumido numa festa, sem qualquer referência a efeitos intoxicantes. Os que insistem de que o vinho utiizado na festa era alcoólico e que Jesus também forneceu vinho alcoólico, conquanto de melhor qualidade, são induzidos à conclusão de que Jesus providenciou-lhes uma grande quantidade adicional de vinho intoxicante de modo a que os convivas da festa matrimonial pudessem dedicar-se a sua plena indulgência. Tal conclusão destrói a integridade moral do caráter de Cristo.

A coerência moral requer que Cristo não tivesse produzido miraculosamente entre 120 a 180 galões de vinho intoxicante para uso dos homens, mulheres e crianças reunidos nas bodas de Caná, sem tornar-Se moralmente responsável pela intoxicação deles. A coerência escriturística e moral requer que o “bom vinho” produzido por Cristo fosse suco de uva recente e não-fermentado. Isto é respaldado pelo próprio adjetivo empregado para descrevê-lo, ou seja, kalos, que denota o que é moralmente excelente, em vez de agathos, que significa simplesmente bom.6

NOVO VINHO EM ODRES NOVOS


A declaração de Cristo de que “vinho novo deve ser posto em odres novos” (Lucas 5:38; Mateus 9:17; Marcos 2:22), é visto pelos moderacionistas como uma indicação de que Jesus recomendou o uso moderado do vinho alcoólico. Este ponto de vista apóia-se no pressuposto de que a frase “vinho novo” significa o vinho recém-esmagado, mas já num estado de fermentação ativa. Tal vinho, alega-se, so podia ser colocado em novos odres porque os odres velhos arrebentariam sob pressão.

Fermentado Vinho Novo? Esta interpretação popular é muito imaginativa mas de pouco fundamento. Qualquer um familiarizado com a pressão causada pela fermentação causadora de gás sabe que nenhuma recipiente, seja de vidro ou couro, pode resistir à pressão do novo vinho fermentado. Como Alexander B. Bruce assinala, “Jesus não estava pensando absolutamente em vinho fermentado, intoxicante, mas de 'mosto', uma bebida não intoxicante, que podia ser mantida com segurança em recipientes novos de couro, mas não em velhos odres que haviam guardado vinho ordinário antes, porque partículas de matéria albuminóide aderida ao couro produziria a fermentação e desenvolveria o gás com uma enorme pressão”.7

O único “vinho novo” que podia ser guardado em segurança em novos odres era o mosto não fermentado após ter sido filtrado ou fervido. Columella, o renomado agriculturista romano que foi contemporâneo dos apóstolos, ateste que uma “jarra de vinho novo” era empregada para preservar mosto fresco, não-fermentado. “Para que o mosto permaneça sempre doce como se fosse recente, fazei do modo seguinte: antes que as cascas de uva sejam colocadas sob a prensa, tomai da vasilha uma parte do mosto mais novo possível e colocai-o numa jarra nova [amphoram novam], daí espalhe-o e o cubra cuidadosamente com piche, de modo que nenhuma água seja capaz de introduzir-se”.8

Significado simbólico. Esta interpretação é confirmada mais adiante pelo significado simbólico do que Cristo disse. A imagem do vinho novo em odres novos é uma lição ilustrativa da regeneração. Como Ernest Gordon habilmente explicou, “os odres velhos, com seu sedimento alcoólico, representavam a natureza corrupta dos fariseus. Não podia ser posto o vinho novo do Evangelho neles. Eles poderiam fermentá-lo. “Não vim chamar justos, e sim pecadores”. Mais tarde através de sua conversão transformou os novos recipientes, capazes de reterem o vinho novo sem deteriorá-lo (Mar. 2:15-17, 22). Então, pela comparação do vinho intoxicante com o farisaísmo degenerado, Cristo confidenciou, claramente, qual era a sua opinião de vinho intoxicante”.9

“É bom notar”, continua Ernest Gordon, “como nesta ilustração casual, ele [Cristo] identifica vinho em conjunto com o vinho não fermentado. Vinho fermentado é determinado como não reconhecido. Poderia ser colocado em qualquer tipo de odre, conquanto miserável e corrupto. Mas vinho novo é como pano novo que é muito bom para ser usado no conserto de trapos. É algo limpo e saudável, exigindo um recipiente limpo. O modo natural no qual esta ilustração é usada, sugere, pelo menos, um entendimento geral e realista entre seus ouvintes judeus de que o verdadeiro fruto da videira, o vinho bom, seria não fermentado”.10

O VINHO VELHO É MELHOR?


Em Lucas, a afirmação de Cristo sobre vinho novo em odres novos é seguida por uma declaração semelhante, todavia diferente: “E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom” (Lucas 5:39). Embora este texto não seja encontrado nos outros evangelhos, faz parte integrante da narrativa. Os moderacionistas atribuem fundamental importância a essa declaração porque contém, na visão deles, uma clara recomendação de Cristo ao vinho alcoólico. Kenneth L. Gentry, por exemplo, fala da “quase universal prevalência da preferência do vinho velho (fermentado) sobre o novo (pré ou não-fermentado) entre os homens. O Senhor mesmo fez referência a essa valorização entre os homens, em Lucas 5:39: ‘E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom’”.11

O Significado de “Vinho Novo”. A frase “vinho novo-oinos neos” é usado na Septuaginta (a tradução para o grego do Velho Testamento), para traduzir tanto vinho fermentado em Jó 32:19, como o suco de uva não fermentado em Isaías 49:26. Em traduções posteriores o hebraico asis é o que designa suco de uva não fermentado.

Na passagem em consideração é legítimo deduzir que “vinho novo” tem o mesmo significado que em todas as passagens, porque ele é usado, consecutivamente, sem nenhuma insinuação à mudança de significado. As metáforas de ambos, dizem, são usadas sem confusão ou contradição. Este termo “vinho novo” do verso 38 é, como mostrado claramente, o mesmo que deve ser verdade do “vinho novo” do verso 39.

Significado de “Vinho Velho”. Antes de discutir se Cristo expressou ou não um julgamento da qualidade superior do “vinho velho” sobre o “vinho novo”, é importante determinar se o “vinho velho”, referia-se ao fermentado ou ao não-fermentado. Do ponto de vista da qualidade, a idade “melhora” o sabor não só do fermentado, mas também do suco de uva não-fermentado. Conquanto nenhuma mudança química ocorra, o suco de uva adquire um sabor mais refinado sendo conservado, pois partículas finas e delicadas separam-se da matéria albuminosa e outras sedimentações. Assim, o “vinho velho” considerado bom, poderia referir-se ao suco de uva preservado e melhorado pela idade.

O contexto, porém, favorece o significado de vinho fermentado, uma vez que Cristo utilizou a metáfora do “vinho velho” para representar as velhas formas de religião, e o “vinho novo” para as novas formas de vida religiosa que Ele ensinava e inaugurava. Neste contexto, o vinho velho fermentado representa melhor as formas corruptas da velha religião farisaica.

O “Vinho Velho” é Melhor? À luz desta conclusão resta determinar se Cristo, através dessa declaração, está expressando um juízo de valor da superioridade do “vinho velho” (fermentado) sobre o “vinho novo” (não fermentado). Uma leitura cuidadosa destes textos indica que quem diz “o velho é bom” não é Cristo, mas alguém que tenha bebido o “vinho velho”. Em outras palavras, Cristo não está expressando Sua própria opinião, mas a opinião daqueles que adquiriram um gosto por vinhos velhos. Ele disse, simplesmente, que alguém que tivesse adquirido gosto por vinhos velhos não gostaria do novo. Sabemos ser este o caso. Beber bebida alcoólica gera um apetite por bebidas estimulantes e não por sucos sem álcool.

A declaração de Cristo não representa Sua aprovação da superioridade do vinho velho fermentado. Vários comentaristas enfatizam este ponto. No seu comentário sobre o evangelho de Lucas, Norval Geldenhuys diz: “O ponto aqui não tem nada a ver com a comparação do vinho velho com o novo, mas refere-se à predileção pelo vinho velho no caso daqueles que estão acostumados a bebê-lo”.12

R. C. H. Lenski declara a mesma verdade muito sucintamente: “Não foi Jesus que chamou o vinho velho de ‘bom o bastante’, mas aquele que o bebeu. Uma porção de vinho velho é, decididamente mau, porque não foi preparado convenientemente; a idade é uma coisa, excelência pela idade é bem outra”.13

O Contexto do “Vinho Velho”. A opinião de que o vinho velho fermentado é melhor que o vinho novo, seria falsa mesmo que todos na terra cressem nisso! E na passagem que estamos isso é contraditado pelo contexto em que ocorre e pelo propósito integral da ilustração. No contexto imediato Jesus emprega a mesma palavra (palaios) quanto a roupas velhas, que Ele, obviamente, não consideraria melhores do que as novas. A declaração sobre “vinho velho” parece contradizer a anterior sobre “roupas velhas”, mas a contradição desaparece quando se compreende o propósito da ilustração.

O propósito da ilustração não é elogiar a superioridade do vinho velho, mas advertir contra um exagero das velhas formas de religiosidade promovida pelos fariseus. A religiosidade consistia, como indicado no verso 33, no cumprimento de práticas ascéticas externas tais como os freqüentes jejuns e as orações públicas. Para justificar o fato de que Seus discípulos não aderiam às formas externas de religiosidade, Cristo usou quatro ilustrações: os convidados do casamento que não jejuam na presença do noivo (vv 34-35); roupas novas não eram usadas como retalho em roupas velhas (v. 36); o vinho novo não era colocado em odres velhos (vv. 37-38); vinho novo não era apreciado por aqueles acostumados a beber vinho velho (v. 39).

O propósito comum de todas as quatro ilustrações é ajudar as pessoas acostumadas com as velhas formas de religião, e alheias à nova forma de vida religiosa ensinada por Cristo, a perceberem que o velho parece bom apenas para aqueles que não estão acostumados com o novo, que é propriamente o melhor. Neste contexto, o vinho velho fermentado parece bom apenas para quem que não sabe que o vinho novo é o melhor.

FOI JESUS UM GLUTÃO E BÊBADO?


Mais de dezenove séculos atrás, Jesus foi acusado de ter sido um “glutão e um bêbado”, porque Ele veio “comendo e bebendo” (Luc. 7:33; Mat. 11:19). Moderacionistas encontraram na descrição de Jesus de Seu próprio estilo de vida de “comer e beber” (Mat. 11:19; Luc. 7:34) uma prova indiscutível de que Ele admitia, abertamente, usar vinho alcoólico. Além disso, discute-se que Jesus deve ter bebido vinho alcoólico para Seus críticos acusá-lo de Ser um “bêbado”.

Estilo de Vida Social. Esta interpretação ignora várias considerações importantes. A frase “comendo e bebendo” é usada como idiomatismo para descrever a diferença entre o estilo de vida social de Jesus e o de João Batista. João veio “não comendo pão, nem bebendo vinho” (Luc. 7:33), para dizer, que ele viveu um estilo de vida de completo isolamento, e que Cristo veio “comendo e bebendo”, para dizer, que Ele viveu um estilo de vida social de livre associação.

Nenhuma Menção de “Vinho”. Um ponto significativo passado por alto freqüentemente é que Jesus não mencionou “vinho” na descrição de Seu próprio estilo de vida. Enquanto que de João Batista, Jesus disse que ele veio “não comendo pão, nem bebendo vinho”, de Si mesmo Ele disse simplesmente: “Veio o Filho do Homem, que come e bebe”. Se Jesus procurasse ser conhecido, ao contrário de João Batista, então poderia ter repetido a palavra “vinho” por causa da ênfase e clareza.

Por recusar especificar quais os tipos de alimentos ou bebidas que consumia, Cristo poderia ter desejado privar Seus críticos de qualquer base para sua acusação de glutonaria e embriaguez. A omissão de “pão” e “vinho” na segunda declaração (Mateus os omite em ambas as declarações) bem poderia ter sido planejado para expor a falta de sentido da acusação. Em outras palavras, Jesus parece dizer: “Meus críticos me acusam de ser um glutão e bêbado, só porque Eu não tomo alimentos sozinho mas como freqüentemente na presença de outras pessoas. Eu como socialmente. Mas meus críticos, de fato, não sabem o que Eu como”.

Mesmo supondo que Seus críticos realmente vissem Jesus bebendo alguma coisa, eles poderiam tê-Lo acusado de ser um bêbado, mesmo que o vissem bebendo suco de uva, ou até água. No dia de Pentecostes os críticos acusaram os apóstolos de estarem bêbados com suco de uva (gleukos--Atos 2:13). Isto mostra que não importava o que Jesus tivesse bebido, Seus críticos inescrupulosos O caluniariam como um bêbado.

Acusação Crítica Perigosa. Deduzir que Jesus devia ter bebido vinho porque Seus críticos O acusaram de ser um “bêbado”, significaria aceitar como verdade as palavras dos inimigos de Cristo. Em outras duas ocasiões seus críticos acusaram Jesus: “Tens demônio” (João 7:20; 8:48). Se acreditarmos que Cristo bebeu vinho alcoólico porque Seus críticos O acusaram de ser um bêbado, então teríamos também que acreditar que Ele tivesse demônio. O absurdo de tal raciocínio mostra que aceitar as acusações desses críticos não é uma base segura para definir o ensinamento bíblico.

Jesus respondeu a este ataque sem base de Seus críticos: “Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos” (Luc 7:35). A evidência textual divide-se entre “filhos” e “obras”, mas o significado dessa obscura declaração permanece a mesma, a saber, que a sabedoria é para ser julgada pelos seus resultados. A sabedoria de Deus é vindicada pelas boas obras que elas geram. Assim, deduzir na base das alegações de Seus críticos de que Jesus bebeu vinho mostra completa falta de sabedoria. Os resultados de Sua vida de abnegação falam por si mesmos.

O VINHO COMUM


A importância fundamental é atribuída ao “vinho” da Última Ceia porque Cristo não apenas o usou, mas do mesmo modo ordenou que fosse usado até o fim dos tempos como memorial de Seu sangue redentor (Mat. 26:28-29; Mar. 14:24-25). Acredita-se amplamente que o vinho da Última Ceia era alcoólico por duas principais razões: (1) a frase “fruto da videira” é uma expressão figurativa que era usada como equivalente funcional de vinho fermentado, e (2) os judeus supostamente usariam apenas vinho fermentado na Páscoa. Esta crença é desacreditada por várias importantes considerações.

“O Fruto da Videira”. A linguagem da Última Ceia é significativo. Em todos os evangelhos sinóticos Jesus chama o conteúdo da taça de “o fruto da videira” (Mat. 26:29; Mar. 14:25 e Luc. 22:18). O substantivo “fruto” (gennema) denota que é o produto em estado natural, da mesma maneira em que foi apanhado. Vinho fermentado não é o “fruto da videira” natural, mas o fruto da fermentação não natural e decadente. O historiador judeu Flávio Josefo, que foi contemporâneo dos apóstolos, chama explicitamente, os três cachos de uvas frescas prensados numa taça pelo mordomo do Faraó como “o fruto da videira”.14 Isto estabelece que a frase era usada, inequivocamente, para designar a doçura do suco de uva não fermentado.

Se o conteúdo do cálice era de vinho alcoólico, Cristo dificilmente poderia ter dito: “Bebei dele todos” (Mat. 26:27; cf Mar. 14:23; Luc. 22:17), especialmente em vista do fato de que na Páscoa um típico cálice de vinho não continha apenas um gole de vinho, mas aproximadamente meio litro.15 Cristo dificilmente poderia ter ordenado a “todos” os Seus seguidores para beberem o cálice, se este contivesse vinho alcoólico. Há alguns para os quais o álcool, em qualquer forma, é muito prejudicial.

Crianças novas que participarem à mesa do Senhor, certamente não deveriam tocar vinho. Há aqueles aos quais o simples gosto ou o cheiro do álcool desperta um latente desejo por álcool. Poderia Cristo que nos ensinou a orar “livra-nos da tentação”, ter feito de Seu memorial à mesa um lugar de irresistível tentação para alguém e de perigo para todos? O vinho da Ceia do Senhor nunca pode ser tomado livre e festivamente na medida em que seja alcoólico alcoólico e intoxicante.

A Lei da Fermentação. Apoio adicional para a natureza do vinho não-fermentado da Comunhão é provido pela lei mosaica que requeria a exclusão de todos os artigos fermentados durante a festa da Páscoa (Êx. 12:15; 13:6,7). Jesus compreendia o significado da letra e do espírito da lei mosaica relativos às “coisas não fermentadas”, como indicado por Sua advertência contra “o fermento dos fariseus e dos saduceus”. (Mat. 16:6). “Fermento” para Cristo representava a natureza e ensinamentos corruptos, como os discípulos depois entenderam (Mat. 16:12). A consistência e beleza do simbolismo do sangue não pode ser adequadamente representado pelo vinho fermentado, o qual é posto na Bíblia como depravação humana e indignação divina.

Não podemos conceber a Cristo curvando-se para abençoar com oração de graças um cálice que contivesse vinho alcoólico, sobre que a Bíblia nos adverte para não olharmos (Prov. 23:31). Um cálice que intoxica é um cálice de maldição e não “o cálice da bênção” (I Cor. 10:16); é “o cálice dos demônios” e não o “cálice do Senhor” (I Cor 10:21); é um cálice que não pode simbolizar adequadamente a incorruptibilidade e o “precioso sangue de Cristo” (I Ped. 1:18-19). Isto dá razão para acreditarmos que o cálice que Ele “abençoou” e deu a Seus discípulos não continha qualquer “coisa fermentada” proibida pela Escritura.

Testemunhos Históricos. Testemunhos históricos de judeus e cristãos apóiam o uso do vinho não- fermentado na Páscoa/Ceia do Senhor. Louis Ginzberg (1873-1941), respeitado estudioso do Talmude que por quase 40 anos foi presidente do Departamento de Estudos Rabínicos e Talmúdicos do Seminário Teológico Judaico da América, proveu o que talvez seja a mais exaustiva análise das referências do Talmude relativas ao uso do vinho nas cerimônias religiosas judaicas. Ele conclui sua investigação dizendo: “Temos provado, assim, com base em passagens principais tanto do Talmude da Babilônia como de Jerusalém, que o vinho não-fermentado pode ter sido usado lekatehillah (opcionalmente) por Kiddush [a consagração de um festival por meio de um cálice de vinho] e outras cerimônias religiosas do lao de fora do templo”.16

A conclusão de Ginzberg é confirmada pela The Jewish Encyclopedia. Comentando sobre o tempo da Última Ceia, ele disse: “De acordo com os evangelhos sinópticos, pareceria que na quinta-feira à tarde da última semana de sua vida, Jesus com seus discípulos entrou em Jerusalém para comer a refeição da Páscoa com eles na cidade sagrada; se for assim, o pão e o vinho da missa ou serviço de comunhão instituído então por ele como um memorial, seria o pão sem fermento e o vinho não-fermentado do serviço de Seder”.17

O costume do uso do vinho não-fermentado na Páscoa sobreviveu através dos séculos não apenas entre alguns judeus, mas também entre certos grupos de cristãos e igrejas. Por exemplo, os apócrifos de Atos e Martítio do Apóstolo São Mateus, circulou no terceiro século, como uma voz celestial instruindo ao bispo local, Plato, dizendo: “Leia o evangelho e traga um pão sagrado como oferta; e após prensar os três cachos da vinha dentro da taça, comunique-se comigo, como o Senhor Jesus mostrou-nos como ofertar quando Ele subiu da sepultura no terceiro dia”.18 Este é um testemunho claro do uso do suco de uva recém prensado na celebração da Última Ceia.

A prática de prensar uvas preservadas diretamente dentro da taça de comunhão foi confirmada por concílios, papas e teólogos, inclusive Tomás de Aquino ( 1225-1274 AD).19 O uso de vinho não-fermentado é bem documentado, especialmente, entre as Igrejas Orientais como a Igreja da Abissínia, a Igreja Nestoriana da Ásia Ocidental, os cristãos de São Tomás na Índia, os monastérios Cópticos no Egito e os cristãos de São João na Pérsia, os quais celebravam a Ceia do Senhor com vinho não fermentado ou feito com uvas frescas ou secas.20

CONCLUSÃO


À luz das considerações anteriores, concluímos que “o fruto da vide” que Jesus ordenou ser usado como memorial de Seu sangue redentor não era fermentado, já que na Escritura fermento representa a corrupção humana e a indignação divina, mas o não-fermentado e puro suco de uva, como emblema adequado do sangue de Cristo não contaminado, derramado para a remissão de nossos pecados.

A afirmação de que Cristo usou e sancionou o uso de bebidas alcoólicas repousa em suposições não fundamentadas, fora do texto, contexto e sem apoio histórico. A evidência que foi submetida, indica que Jesus absteve-se de toda substância intoxicante e não deu autorização aos Seus seguidores para que eles próprios não as usassem. Podemos seguir o exemplo de Jesus pela abstinência de qualquer substância que intoxique nosso corpo e prejudique nossa mente.

NOTAS


1. Plínio, Natural History 23, 24, trans. W. H. S. Jones, The Loeb Classical Library (Cambridge, Massachusetts, 1961).
2. Plutarco, Symposiac 8, 7.
3. Ver Sotah 48a; também Mishna Sotah 9, 11.
4. Citado em William Patton, Bible Wines. Laws of Fermentation (Oklahoma City, s.d.), pág. 83. Ênfase acrescentada.
5. Herbert Preisker, “Methe, Methuo, Methuskomai”, Theological Dictionary of the New Testament, ed. Gerhard Kittel (Grand Rapids, 1967), vol. 4, pág. 547, ênfase acrescentada.
6. “Deve-se observar”, assinala Leon C. Field, “que o adjetivo usado para descrever o vinho produzido por Cristo não é agathos, bom, simplesmente, mas kalos, que é moralmente excelente ou adequado. O termo é sugestivo da caracterização de Theofrasto de vinho não intoxicante como moral (ethikos)” (Oinos: A Discussion of the Bible Wine Question [New York, 1883], pág. 57).
7. Alexander Balman Bruce, The Synoptic Gospels in The Expositor's Greek Testament (Grand Rapids, 1956), pág. 500.
8. Columella, On Agriculture 12, 29.
9. Ernest Gordon, Christ, the Apostles and Wine. An Exegetical Study (Philadelphia, 1947), pág. 20.
10. Ibid., pág. 21.
11. Kenneth L. Gentry, The Christian and Alcoholic Beverages (Grand Rapids, 1986), pág. 54.
12. Norval Geldenhuys, “Commentary on the Gospel of Luke”, The New International Commentary on the New Testament (Grand Rapids, 1983), pág. 198.
13. R. H. Lenski, The Interpretation of St. Luke's Gospel (Columbus, Ohio, 1953), pág. 320.
14. Josephus, Antiquities of the Jews 2, 5, 2.
15. Segundo J. B. Lightfoot, cada um das quatro taças da Páscoa continha “não menos do que a quarta parte de um hin, além de água para misturar com ele” (The Temple-Service and the Prospect of the Temple [Londres, 1833], pág. 151). Um hin continha doze pints inglesas, de modo que quatro taças resultariam em três quartos de um pint cada.
16. Louis Ginzberg, “A Response to the Question Whether Unfermented Wine May Be Used in Jewish Ceremonies”, American Jewish Year Book 1923, pág. 414.
17. The Jewish Encyclopedia, edição de 1904, s. v. “Jesus”, vol. 5, pág. 165.
18. “Acts and Martyrdom of St. Matthew the Apostle”, eds. Alexander Roberts and James Donaldson, The Ante-Nicene Fathers (Grand Rapids, 1978), vol. 8, págs. 532-533.
19. Para referências e discussão, ver Wine in the Bible, págs. 168-169.
20. Informação sobre essas igrejas é fornecida por G. W. Samson, The Divine Law as to Wines (Nova York, 1880), págs. 205-217. Ver também Leon C. Field, OinosA Discussion of the Bible Wine Question (Nova York, 1883), págs. 91-94; Frederic R. Lees and Dawson Burns, The Temperance Bible-Commentary (Londres, 1894), págs. 280-282.


Samuele Bacchiocchi, Ph. D. (*)
Professor Jubilado de Teologia e História Eclesiástica
Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, EUA

Traduzido por Prof. Azenilto G. Brito (*)
Ministério Sola Scriptura
[Não confundir com solascriptura-tt]




(*) Nota de Hélio de M. Silva: Esta pessoa é ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, seita combatida por nós neste site. O fato de citarmos as palavras de alguém não necessariamente significa que temos a mínima identificação com seu autor em áreas outras que o principal assunto da citação. Neste caso, discordamos radicalmente e estamos em campos de batalha opostos, quanto a áreas extremamente importantes. Somente estamos usando as palavras dessa pessoa por ela bem atacar um grave erro. Leia nossa posição em http://solascriptura-tt.org/ConfissaoDoutrinariaHelio.htm.
 



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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O que voa como a águia (Deuteronômio 28.49-52)

 

Roma um povo que veio de longe.


"O Senhor levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás;

Nação feroz de rosto, que não respeitará o rosto do velho, nem se apiedará do moço;

E comerá o fruto dos teus animais, e o fruto da tua terra, até que sejas destruído; e não te deixará grão, mosto, nem azeite, nem crias das tuas vacas, nem das tuas ovelhas, até que te haja consumido;

E sitiar-te-á em todas as tuas portas, até que venham a cair os teus altos e fortes muros, em que confiavas em toda a tua terra; e te sitiará em todas as tuas portas, em toda a tua terra que te tem dado o Senhor teu Deus".

Deuteronômio 28:49-52

Comentário de Thomas Coke

Ver. 49. O Senhor trará contra você uma nação de longe, tão veloz quanto a águia, cuja língua você não entenderá – “Pode-se dizer que os caldeus vieram de longe, em comparação com os moabitas, filisteus e outros vizinhos, que usavam para infestar a Judéia. Jeremias 5:15 dá a mesma descrição dos caldeus que, da mesma maneira, os compara às águias. Lamentações 4:19 . Mas essa descrição não pode ser aplicada a nenhuma nação com tanta propriedade, como os Romanos: eles foram realmente trazidos de longe, do fim da terra: Vespasiano e Adriano, os dois grandes conquistadores e destruidores dos judeus, vieram de comandar aqui na Grã-Bretanha. Os romanos também, pela rapidez de suas conquistas, poderiam muito bem ser comparado às águias: e talvez não sem uma alusão ao padrão dos exércitos romanos, que era uma águia; e sua língua era mais desconhecida para os judeus do que para os caldeus. ” 
Fonte: Comentário de Thomas Coke

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Dedicação de uma casa em tempos de guerra. (Deuteronômio 20.5)

 



Que edificou uma casa nova e não a dedicou? – Do título do Salmo 30: 1-12 , – Um Salmo ou Cântico na Dedicação da Casa de Davi – é evidente que era costume em Israel dedicar uma nova casa a Deus com oração, louvor e ação de graças ; e isso foi feito para garantir a presença e a bênção divinas, pois nenhum homem piedoso ou sensato poderia imaginar que poderia morar em segurança em uma casa que não estava sob a proteção imediata de Deus. Por isso, tem sido costume nas nações mais bárbaras consagrar parte de uma nova casa à divindade que eles adoravam. As casas dos habitantes de Bonny, na África, geralmente são divididas em três apartamentos: um é uma espécie de sala ou salão do estado; outro serve para uma sala comum ou cozinha; e o terceiro é dedicado ao Juju, o deus da serpente, que eles adoram; pois até esses selvagens acreditam que em todas as casas o deus deles deveria ter seu templo! Nos momentos de dedicação entre os judeus, além de oração e louvor, era realizado um banquete, para o qual os parentes e vizinhos eram convidados. Algo desse costume é observado em algumas partes do nosso país, no que é chamado de aquecimento da casa; mas nesses casos a festa é mantida – a oração e o louvor esquecidos! para que a dedicação pareça ser muito mais a Baco do que a Jeová, o autor de todo presente bom e perfeito.

Comentário de Adam Clarke.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Falsos idolos e divindades pagãs. (Êxodo 20.23)

 

Poste idolos era uma das formas 
que eles usavam para adoração.

A palavra de Deus nos ensina que esse idolos feitos por mãos umanas não deve ser adorado, pois é abominação ao Deus criador do céus e da terra.


1 - Baal (Hebraico: לַּע ַּב (A palavra “Baal” tem vários significados. Pode significar “Senhor”, “Proprietário”, “Mestre” e “Marido”. A palavra Baal pode ser usada tanto para humanos com certa autoridade quanto para divindades. Na verdade, Baal é um título (Senhor), assim como a palavra hebraica “Adonai” que também significa “Senhor” e era utilizada para se referir à divindade israelita Jeová. Provavelmente os israelitas escolheram chamar Jeová de “Senhor” usando a palavra “Adonai” justamente para diferenciar esta divindade (Jeová) das outras inúmeras divindades que também eram chamadas de “Senhor” só que usando a palavra “Baal”. Pode-se até inferir que em dado momento, o próprio Jeová tenha sido chamado/entendido como sendo “Baal”, uma vez que Jeová em Israel já fora identificado com a divindade canaanita El, e se apropriado de atributos que eram desta, como “Pai de todos os deuses” e “Pai dos homens”, etc.. Jeová também incorporou, posteriormente, elementos como “fertilidade”, “chuva”, “controle do tempo” que eram características de Baal Hadade. 


Imagen de Baal

2 - Baal Hadade Significa “Senhor Hadade” ou “Senhor da Tempestade”, era a divindade do trovão, da chuva e da fertilidade dos cananeus, similar à divindade Adad cultuada pelos Assírios e Babilônios. O nome Hadade era usualmente dado pelas pessoas aos seus filhos, como forma de oferecer proteção daquela divindade à eles (similar aos israelitas que colocavam o nome de Jeová no nome de seus filhos, por exemplo “Elias” - que significa “Meu Deus (ELI) é Jeová (YAHU)” – ELIYAHU). O nome Hadade não é citado isoladamente como uma divindade, mas encontra-se na Bíblia como um composto do nome de dois reis: BenHadade (que significa “Filho de Hadade”) e Hadedezer (que significa “Hadade é minha ajuda”). 1 Reis 15:18 – Bíblia ACRF Então Asa tomou toda a prata e ouro que ficaram nos tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei, e os entregou nas mãos de seus servos; e o rei Asa os enviou a Ben-Hadade, filho de Tabrimom, filho de Heziom, rei da Síria, que habitava em Damasco, dizendo: 1 Reis 15:18 Então Asa ajuntou a prata e o ouro que haviam sobrado no tesouro do templo do Senhor e do seu próprio palácio. Confiou tudo isso a alguns dos seus oficiais e os enviou a BenHadade, filho de Tabriom e neto de Heziom, rei da Síria, que governava em Damasco, Estela de Baal Hadade encontrada em Ugarit, Síria, 1400 AEC – Museu do Louvre- Paris.
 
3 - Baal Hadade-Rimom Significa “Senhor Hadade Trovejador”. A palavra Rimom em hebraico significa Romã. Os escribas judeus alteram a grafia desta divindade de “Ramán” = “Trovejador” para “Rimom” = ”Romã (fruta) ” propositadamente, como forma de menosprezar um deus estrangeiro. Na bíblia temos duas citações desta divindade, uma em que ela representa a própria divindade e outra em que ela representa um lugar (que recebeu tal nome em homenagem a este deus): Representando o deus Hadade-Rimom: 2 Reis 5:18 (NVI-PT) 18 Mas que o Senhor me perdoe por uma única coisa: quando meu senhor vai adorar no templo de Rimom, eu também tenho que me ajoelhar ali, pois ele se apoia em meu braço. Que o Senhor perdoe o teu servo por isso”. Representando um lugar: Zacarias 12:11 (NVI-PT) 11.Naquele dia muitos chorarão em Jerusalém, como os que choraram em Hadade-Rimom no vale de Megido. 


4 - Baal Peor (Hebraico: בעל פעור(:” Senhor de Peor”. Peor era uma montanha localizada na região de Moabe (atual Jordânia). Não se sabe se este Baal era mais uma manifestação local da divindade Baal Hadade (ligada à fertilidade) ou outro deus específico da região (mais um deus chamado “Senhor”). Especula-se que Baal Peor seja outra designação de “Quemós”, a divindade nacional dos Moabitas. Números 25:3 (NVI-PT) 3 Assim Israel se juntou à adoração a Baal-Peor. E a ira do Senhor acendeu-se contra Israel. 

5 - Baal Berite Significa “Senhor da Aliança”. Segundo o livro de Juízes esta era a forma predominante de adoração no território de Israel, nesta época, principalmente na cidade de Siquém. A “Aliança” ao qual esse Baal se refere deve ser uma aliança entre cidades canaanitas (Siquem inclusive) ou a aliança feita por meio de tratados entre tribos (um exemplo é o “tratado” firmado por Siquém e Jacó em Genesis 34). Interessante que “Baal Berite” (Senhor da Aliança) parece ser equivalente à “El-Berite” (Deus da Aliança), outra divindade cultuada pelos canaanitas. Isso é uma evidencia que o nome “’El” (Deus) também era usado para tratar divindades cujo nome era “Baal”: Juízes 8 - (NVI-PT) 33 Logo depois que Gideão morreu, os israelitas voltaram a prostituir-se com os baalins, cultuando-os. Ergueram Baal-Berite como seu deus, e Baal-Berite e El-Berite são os mesmos deuses da cidade de Siquém, note: Juízes 9:3-4 - (NVI-PT) 3 Os irmãos de sua mãe repetiram tudo aos cidadãos de Siquém, e estes se mostraram propensos a seguir Abimeleque, pois disseram: “Ele é nosso irmão”. 4 Deram-lhe setenta peças de prata tiradas do templo de Baal-Berite, as quais Abimeleque usou para contratar alguns desocupados e vadios, que se tornaram seus seguidores. Juízes 9:46 Ao saberem disso, os cidadãos que estavam na torre de Siquém entraram na fortaleza do templo de El-Berite. 

6 - Baal-Hamom A origem desta divindade é incerta. O erudito bíblico Frank Moore Cross atribui sua origem à Montanha Amanus, na Síria. Inscrições encontradas na fenícia identificam um deus chamado “El-Hamom”, possivelmente Baal-Hamom e El-Hamom eram a mesma divindade. Este deus foi amplamente venerado na cidade de Cártago, no 5º século AEC. Na bíblia, Baal-Hamom é citado como um lugar onde o Rei Salomão possuía um vinhedo. Cânticos 8:11 - (NVI-PT) Salomão possuía uma vinha em Baal-Hamom; ele entregou a sua vinha a arrendatários. Cada um devia trazer pelos frutos da vinha doze quilos[a] de prata. Estátua de Baal-Hamom, Cártago - Bardo Museum na Tunísia. 

7 - Baal-Zefom (Hebraico: בעל צפון(: Significa “Senhor do Norte” ou “Senhor [da Montanha de] Zefon. A palavra “Zefon” em hebraico significa “norte”, por isso pode parecer ambíguo quando esta palavra se refere ao norte de algum lugar ou à montanha chamada “Zefon” (Norte) que fica na Síria. Baal Zefon provavelmente era mais uma forma em que era conhecido Baal Hadade, deus dos trovões. Na bíblia o nome Baal-Zefon é descrito como um lugar perto de onde os israelitas acamparam, durante a época do êxodo. Êxodo 14:2 – (NVI-PT) “Diga aos israelitas que mudem o rumo e acampem perto de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar. Acampem à beira-mar, defronte de Baal-Zefom. Segundo a mitologia dos cananeus de Ugarit na Síria, a montanha Zefon era lugar de morada dos deuses onde eles se reuniam em assembleias. Interessante que esta tradição é preservada no livro de Isaias na bíblia: Isaías 14:13 - (TNM) No que se refere a ti, disseste no teu coração: ‘Subirei aos céus. Enaltecerei o meu trono acima das estrelas de Deus* e assentar-me-ei no monte de reunião, nas partes mais remotas do norte*. Isaías 14:13 – (ACRF) E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Norte = Zefon. 

8 - Baal-Zebube (Hebraico: ל ַּע ַּב ובּב ְז (Significa literalmente “Senhor das Moscas”. Acredita-se que o nome original desta divindade seria “Baal-Zebel” (com a letra hebraica LAMEDE “ל “ no lugar da letra hebraica BETE “ב “no fim da palavra “Zeb-“) que significaria “Senhor Príncipe”. Os escribas judeus deliberadamente substituíram as letras como forma de menosprezar a divindade estrangeira. A palavra “Zebel- Baal” ou “Príncipe Baal” é encontrada nos textos de Ugarit, Síria, dando suporte a esta tese de adulteração de grafia feita pelos escribas judaicos. Baal-Zebube era um deus cultuado na cidade de Ecrom, que ficava na faixa de Gaza. Posteriormente, séculos depois no cristianismo, este deus foi equiparado ao Diabo como Belzebu. 2 Reis 1:2 - Nova Versão Internacional (NVI-PT) Certo dia, Acazias caiu da sacada do seu quarto no palácio de Samaria e ficou muito ferido. Então enviou mensageiros para consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom, para saber se ele se recuperaria. 

9 - El (Hebraico: אל (O Nome El significa literalmente “poderoso” na língua hebraica/canaanita. Na cultura de Ugarit, Síria, em 1400 AEC, ‘El era conhecido como o “pai dos deuses” e “pai do homem (no sentido de humanidade)”. Vestia um chapéu com dois chifres em associação ao Touro, símbolo de vigor, força e fertilidade. El era muitas vezes chamado de “O deus touro”. Não obstante várias vezes a bíblia faz associação de Jeová/El como sendo adorado por meio de imagens de touro. Veja esta tradição preservada na bíblia. Durante o êxodo do povo israelita, Arão fez uma imagem de ‘El (Deus) em forma de um touro: Imagem de El sentado em seu trono – Ugarit, Síria, 1400 AEC. Êxodo 32:4 - (TNM) 4 Ele tomou então [o ouro] das suas mãos e moldou-o com um buril, e passou a fazer dele uma estátua fundida de bezerro. E começaram* a dizer: “Este é o teu Deus,* ó Israel, que te fez subir da terra do Egito.” Durante o reinado de Jeroboão em Israel, foram feitas imagens de touros como forma de representação a El: 1 Reis 12:25 - (TNM) 28 Consequentemente, o rei tomou conselho e fez dois bezerros de ouro, e disse ao povo:* “É demais para vós subir a Jerusalém. Eis o teu Deus,* ó Israel, que te fez subir da terra do Egito.” Estátua de bronze de um bezerro encontrada na cidade canaanita de Biblos: Amplamente cultuado na cultura canaanita. El também era representado como sendo um homem velho, de barba e muito sábio. A palavra El também pode significar genericamente “deus” ou “divindade”, quando empregada para se referir à outros deuses diferentes do “‘El”, ou seja, os hebreus e canaanitas chamavam outros deuses de “poderosos”. A tradição de traduzir-se El por “Deus” iniciou-se com a elaboração da primeira tradução da bíblia para outro idioma, na Septuaginta, no 3º século AEC, em que os judeus escolheram a palavra grega “theos” para ser empregada. Perdeu-se então a essência restrita de que o nome significava (poderoso) para o sentido mais amplo e genérico do nome “deus”. O nome do deus pagão “El” aparece mais de 400 vezes na bíblia. O mesmo deus pagão era usado por quase todas as religiões do oriente médio e até por gregos e romanos com outro nome. “El” também aparece, principalmente em passagens poéticas e nas narrativas patriarcais atribuídos à fonte Sacerdotal da hipótese documental. Ela ocorre 217 vezes no texto massorético: 73 vezes nos Salmos e 55 vezes no Livro de Jó, e com outra forma principalmente em passagens poéticas ou passagens escritas em prosa elevada. “El” aparece ocasionalmente com o artigo definido como - hā'Ēl ' - o deus -. (por exemplo, em 2 Samuel 22: 31,33-48). 

10 - Anate Deusa da guerra dos cananeus. Na bíblia ela nunca é mencionada como deusa, e sim como nome de cidade. Juízes 3:31 - Nova Versão Internacional (NVI-PT) Depois de Eúde veio Sangar, filho de Anate, que matou seiscentos filisteus com uma aguilhada de bois. Ele também libertou Israel. 

11 - Aserá (Hebraico: ה ָר ֵׁשֲא (Deusa da Fertilidade e deusa Mãe. Esposa de El. Há grandes evidências que era cultuada junto a Jeová, pois Jeová e El eram encarados como mesma divindade pelos antigos Israelitas. (logo também era encarada como esposa de Jeová). O culto à Aserá envolvia adoração a postes de madeiras entalhados, que representavam uma figura feminina. Era também descrita como “Rainha dos Céus”. Aserá e Baal são deuses citados diversas vezes na bíblia. 1 Reis 18:19 - (NVI-PT) Agora convoque todo o povo de Israel para encontrar-se comigo no monte Carmelo. E traga os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá, que comem à mesa de Jezabel.” . Jeremias 44:15-18 - (NVI-PT) É certo que faremos tudo o que dissemos que faríamos — queimaremos incenso à Rainha dos Céus e derramaremos ofertas de bebidas para ela, tal como fazíamos, nós e nossos antepassados, nossos reis e nossos líderes, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém. Naquela época tínhamos fartura de comida, éramos prósperos e nada sofríamos. Imagem de Aserá. 

12 - Astarte (Astarote): deusa da fertilidade, sexualidade e guerra. Seu culto era bem proeminente pelos cananeus. A deusa Astarte é ligada à deusa Ishtar dos assírios/babilônicos. 1 Reis 11:5 - (NVI-PT) Ele seguiu Astarote, a deusa dos sidônios. 

13 - Dagon (Hebraico: דגון(. Deus de origem Assírio-babilônico. Seu nome significa “grão”, por isso era associado à fertilidade. Um dos símbolos que o representavam era o peixe, como forma de multiplicação. Divindade também cultuada pelos Cananeus e Filisteus. 1 Samuel 5:2 - (NVI-PT) e a colocaram dentro do templo de Dagom, ao lado de sua estátua. Representação de Dagon. 


14 - Moloque (Hebreu: מלך(. A palavra Moloque é formada por três letras M-L-K que significa “Rei”. Provavelmente Moloque era originalmente pronunciado como “meleque” ou “melqui” (veja, por exemplo, nomes que levam M-L-K e se pronunciam meleque, como Abimeleque ou Melquisedeque). Os judeus quando traduziram a bíblia para o grego acrescentaram as vogais “o” e “e” na raiz semítica “M-L-K” como forma de zombar com o nome desta divindade (as vogais “o” e “e” vem da palavra “bosheth” que significa “vergonha”). Não é certo se o nome Moloque (Rei) era um título para um deus ou se era o próprio nome deste deus. Alguns especialistas apontam que Moloque era mais uma representação local do deus Baal, ou seja, o deus poderia ser conhecido como Moloque-Baal (Rei Senhor), mas não há grandes evidências disso. O culto a este deus era amplamente difundido em toda canaã, e aparentemente sacrifícios humanos estavam ligados à adoração desta divindade. Moloque era o principal deus dos Amonitas: 2 Reis 23:10 (NVI) Também profanou Tofete, que ficava no vale de Ben-Hinom, de modo que ninguém mais pudesse usá-lo para sacrificar seu filho ou sua filha a Moloque. 1 Reis 11:5 (NVI) Ele seguiu Astarote, a deusa dos sidônios, e Moloque, o repugnante deus dos amonitas. Moloque também era chamado de Milcom (M-L-K-M), veja: 2 Reis 23:13 - (João Ferreira de Almeida) O rei profanou também os altos que estavam ao oriente de Jerusalém, à direita do Monte de Corrupção, os quais Salomão, rei de Israel, edificara a Astarote, abominação dos sidônios, a Quemós, abominação dos moabitas, e a Milcom, abominação dos filhos de Amom. 

15 - Adrameleque Possível divindade solar, ligada a Moloque. Seu nome significa “Adar é Rei”. 

16 - Anameleque Possível divindade lunar, liga a Moloque e ao deus Assírio/Babilônico Anu, deus dos céus. Seu nome significa “Anu é rei”. 2 Reis 17:31 - (NVI-PT) 31 os aveus fizeram Nibaz e Tartaque; os sefarvitas queimavam seus filhos em sacrifício a Adrameleque e Anameleque, deuses de Sefarvaim. 

17 - Amon Deus da cidade egípcia de Tebas. Posteriormente foi incorporado ao deus Rá, tornando-se Amom-Rá. Jeremias 46:25 - (NVI-PT) O Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, diz: Castigarei Amom, deus de Tebas[a], o faraó, o Egito, seus deuses e seus reis, e também os que confiam no faraó. 

18 - Azazel Não há indícios firmes que Azazel tenha sido uma divindade canaanita anterior ao culto de Jeová pelos israelitas. Porém, em textos apócrifos como o Livro de Enoque (1 Enoque 10:8), Azazel é descrito como sendo um anjo que se rebelara contra deus. Levítico 16:6-10 - (NVI-PT) “Arão sacrificará o novilho como oferta pelo seu próprio pecado, para fazer propiciação por si mesmo e por sua família. 7 Depois pegará os dois bodes e os apresentará ao Senhor, à entrada da Tenda do Encontro. 8 E lançará sortes quanto aos dois bodes: uma para o Senhor e a outra para Azazel. 9 Arão trará o bode cuja sorte caiu para o Senhor e o sacrificará como oferta pelo pecado. 10 Mas o bode sobre o qual caiu a sorte para Azazel será apresentado vivo ao Senhor para fazer propiciação, e será enviado para Azazel no deserto. 

19 - Asima Deusa do Destino, Asima significa “O Nome” na língua dos semitas ocidentais. Esta divindade é ligada à deusa Shimti dos assírios/babilônios. 

20 - Sucote-Benote Divindade cujo nome significa “Tenda das filhas”. Nada se sabe sobre a natureza desta deusa. 

21 - Nergal Deus da guerra, da pestilência e do inframundo. Venerado pelos Assírios e Babilônios. 2 Reis 17:29 - (NVI-PT) No entanto, cada grupo fez seus próprios deuses nas diversas cidades em que moravam e os puseram nos altares idólatras que o povo de Samaria havia feito. 30 Os da Babilônia fizeram Sucote-Benote, os de Cuta fizeram Nergal e os de Hamate fizeram Asima. 

22 - Betel Significa “Casa de ‘El” ou “Casa de deus”. Betel era alguma divindade independente ou um aspecto de alguma outra divindade, possivelmente ‘El ou Baal. Um deus com o nome “Casa de deus” (Betel) é atestado em um documento datado do ano de 677 AEC, um tratado entre os reis Assaradão da Assíria e Baal I de Tiro, onde se lê: “Que Betel e Anat-Betel entreguem-no a um leão devorador de homens.” Inscrição K 3500 + K 4444 + K 10235 -British Museum No texto de Jeremias fica claro que Betel era um deus cultuado pelos israelitas, pois é colocado em paralelo com o deus “Camos” que era a divindade patrona dos Moabitas. Jeremias 48:13 - (NVI-PT) 13 Então Moabe se decepcionará com Camos, assim como Israel se decepcionou com Betel, em quem confiava. 

23 - Camos ou Quemós Divindade nacional da nação de Moabe (atual Jordânia). A origem de seu nome é incerta. Alguns historiadores afirmam que este deus estava ligado a Moloque, já que é indicado na bíblia que eram oferecidos sacrifícios humanos para pedir favor a Camos. 2 Reis 3:26-27 – (NVI-PT) Quando o rei de Moabe viu que estava perdendo a batalha, reuniu setecentos homens armados de espadas para forçar a passagem, para alcançar o rei de Edom, mas fracassou. 27 Então pegou seu filho mais velho, que devia sucedê-lo como rei, e o sacrificou sobre o muro da cidade. Isso trouxe grande ira contra Israel, de modo que eles se retiraram e voltaram para a sua própria terra. 1 Reis 11:7 - (NVI-PT) No monte que fica a leste de Jerusalém, Salomão construiu um altar para Camos, o repugnante deus de Moabe, e para Moloque, o repugnante deus dos amonitas. 

24 - Gade Deus semítico do Destino (Sorte). A palavra Gade significa “dividir” dando a ideia que o destino é “dividido” entre as pessoas. Traduzido na bíblia como “Sorte”: Isaías 65:11 - (TNM) “Mas vós sois os que abandonais a Jeová, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que pondes em ordem uma mesa para o deus da Boa Sorte*. 

25 - Marduque (Bel) Marduque era a divindade patrona da cidade de Babilônia. Recebia o título de “Bel” que significa “Senhor” na língua dos babilônicos (similar a “Baal” dos hebreus). Seu nome significava “bezerro solar”. Jeremias 50:2 - (NVI) “Anunciem e proclamem entre as nações, ergam um sinal e proclamem; não escondam nada. Digam: ‘A Babilônia foi conquistada; Bel foi humilhado, Marduque está apavorado. As imagens da Babilônia estão humilhadas e seus ídolos apavorados’. Representação de Marduque extraída de um selo real. 

26 - Nebo (Hebraico נבו( Deus da sabedoria e de escrita dos assírios/babilônios. É filho do deus Marduque. A montanha onde Moisés foi supostamente enterrado leva o nome “Nebo” em homenagem à esta divindade. Nebo, se referindo ao deus babilônico: Isaías 46:1 - (NVI-PT) Bel se inclina, Nebo se abaixa; os seus ídolos são levados por animais de carga[a]. As imagens que são levadas por aí, são pesadas, um fardo para os exaustos. Nebo, se referindo monte que recebe o nome da divindade: Deuteronômio 32:49 - (NVI-PT) “Suba as montanhas de Abarim, até o monte Nebo, em Moabe, em frente de Jericó, e contemple Canaã, a terra que dou aos israelitas como propriedade. 50 Ali, na montanha que você tiver subido, você morrerá e será reunido aos seus antepassados, assim como o seu irmão Arão morreu no monte Hor e foi reunido aos seus antepassados. 

27 - Neustã Serpente de Bronze feita por Moisés (Números 21:4-9) e foi reverenciada como ídolo pelos israelitas. Provavelmente o nome deste ídolo não era “Neustã” pois esta palavra significa literalmente “pedaço de latão”. 2 Reis 18:4 - (NVI-PT) Removeu os altares idólatras, quebrou as colunas sagradas e derrubou os postes sagrados. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois até aquela época os israelitas lhe queimavam incenso. Era chamada Neustã. 

28 - Nibaz Nada se sabe da origem desta divindade. Não há referências extra-bíblicas. A Tradição judaica preservada no Talmud diz que era um ídolo em forma de cachorro. 

29 - Tartaque Nada se sabe da origem desta divindade. Não há referências extra-bíblicas. A Tradição judaica preservada no Talmud diz que era um ídolo em forma de asno. 2 Reis 17:31 - (NVI-PT) 31 os aveus fizeram Nibaz e Tartaque ; os sefarvitas queimavam seus filhos em sacrifício a Adrameleque e Anameleque, deuses de Sefarvaim. 

30 - Nisroque Deus assírio da agricultura. Era um deus antropomórfico, corpo de homem e cabeça de águia. Era sempre representado carregando um cesto com água e uma esponja para regar as plantas. 2 Reis 19:37 - (NVI-PT) Certo dia, enquanto ele estava adorando no templo de seu deus Nisroque, seus filhos Adrameleque e Sarezer mataram-no à espada e fugiram para a terra de Ararate. Seu filho Esar-Hadom foi o seu sucessor. Réplica da Imagem de Nisroque – Palácio de Assurbanípal em Ninrode, Iraque. 

31 - (שחר) Shahar  Seu nome significa “amanhecer” ou “alvorada”, esta divindade é uma personificação feita pelos canaanitas deste fenômeno da natu reza. Em Ugarit, na Síria onde foram encontrados vários escritos sobre a religião dos cananeus, Shahar (Alvorada) era irmão gêmeo do deus Shalim (crepúsculo), ambos filhos de El. Os dois deuses eram representados pelo planeta Vênus. Na Bíblia a palavra “shahar” é empregada literalmente como “alvorada”. Alguns eruditos bíblicos afiram que os versos de Isaías 14:12 remontam à tradição antiga do deus canaanita Shahar: Isaías 14:12 - (NVI-PT) Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações! Imagem de cilindro Sírio-Hitita representando os dois deuses Shahar (alvorada) e Shalim (crepúsculo). 

32 - Tamuz Deus de origem suméria, patrono dos alimentos e da vegetação. Era mais uma divindade que representava o ciclo de Viver-Morrer-Ressuscitar. Um dos rituais de culto a este deus envolvia entoar “lamentações” e ficar de “luto” pela morte de Tamuz. Ezequiel 8:14-15 - (NVI-PT) Então ele me levou para a entrada da porta norte da casa do Senhor. Lá eu vi mulheres sentadas, chorando por Tamuz. 15 Ele me disse: “Você vê isso, filho do homem? Você verá práticas ainda mais repugnantes do que esta”.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Quem era Baal-Peor? (Deuteronômio 4.3)

 

(Ou Beelfeghor)

Baal de Peor era o baal do Monte Fogor ou Peor, uma montanha de Moabe. A ideia exata de baal parece ser “o possuidor”, aquele que mantém a dominação real (Lagrange, Religions Sémitiques, 83, 84); Assim, Baal de Peor era a divindade moabita que governava Fogor. Alguns o identificam com Kemosh (Chemosh), o deus nacional de Moabe, mas isso não é inteiramente verdade, uma vez que muitas localidades tinham suas divindades locais, aparentemente diferentes da mente popular. Geralmente, a fertilidade da terra e o aumento dos rebanhos eram atribuídos ao baal; Ele era adorado com oferendas dos produtos que dava e muitas vezes com práticas de atrevimento feitas em sua homenagem em seu santuário. Uma das grandes tarefas dos profetas foi erradicar este culto imoral do solo da Palestina.

Israel entrou em contato com Baal de Peor em Sittim, nas planícies de Moabe, sua última parada antes de entrar na terra de Canaã. Aqui muitos israelitas, como consequência da sua relação imoral com as mulheres de Moabe, participaram nos banquetes de sacrifício em honra do Baal de Peor por cujo crime foram punidos com a morte (Números 25). É comumente afirmado, em vista dos acontecimentos em Sitim e da natureza geral da adoração a Baal, que os ritos imorais faziam parte da adoração a esse deus; Embora o texto não afirme isto, o grande número de pessoas envolvidas e o facto de "o caso de Fogor" ser atribuído à instigação do seu vidente Balaão, parece indicar que estava relacionado com o culto de Baal de Peor (31, 16). Marucchi acredita que a sobrevivência do culto até meados do século II é atestada por uma inscrição dedicada por alguns soldados da Arábia (?) a Júpiter Beelfaro, a quem identifica com Baal de Peor. A prova é muito pequena, apenas a semelhança no nome. O terrível castigo infligido a Israel pelo pecado de Sittim é mencionado diversas vezes na Bíblia (1 Coríntios 10:8) o utiliza para dar um ensinamento.


sábado, 25 de janeiro de 2025

Ogue Rei de Basã (Deuteronômio 3.10-11)

 

Deuteronômio 3.10-11 relata a historia de um rei, o ultimo dos gigantes refains.

"10 Conquistamos todas as cidades do planalto, toda a Gileade, e também toda a Basã, até Salcá e Edrei, cidades do reino de Ogue, em Basã. 11 Ogue, rei de Basã, era o único sobrevivente dos refains. Sua cama era de ferro e tinha, pela medida comum, quatro metros de comprimento e um metro e oitenta centímetros de largura. Ela ainda está em Rabá dos amonitas. "

Bíblia Nova versão internacional (NVI-PT)

Ogue foi o rei de Basã, um antigo reino amorita, e o último rei dos refains, uma raça de gigantes. Ogue foi derrotado por Moisés e os israelitas na batalha de Edrei. 

O nome Ogue significa "gigantesco" em hebraico e árabe. 

O que se sabe sobre Ogue:

Ogue foi morto por Moisés e os israelitas na batalha de Edrei. 

Ogue era o único sobrevivente dos refains. 

A cama de Ogue era de ferro e media quatro metros de comprimento por um metro e oitenta de largura. 

A cama de Ogue está na cidade de Rabá, no país de Amom. 

Ogue foi derrotado na batalha de Edrei, que foi um momento crucial para a conquista da Terra Prometida. 

Ogue foi o rei de Basã (ou Bashan), uma região conhecida por sua grandeza. Ele era um gigante e é considerado o último rei da raça dos gigantes, conforme registrado em Deuteronômio 3:11. O nome ‘Ogue’ em hebraico (עוג) significa ‘gigantesco’, e em árabe (عوج) tem um significado semelhante.
Ogue foi derrotado por Moisés e pelos israelitas na batalha em Edrei, um momento crucial que demonstrou o poder de Deus e fortaleceu a confiança do povo na conquista da Terra Prometida.



Fonte: Novo Dicionario da Bíblia, edição Vida Nova.


terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Porque o sacerdote ficava com o couro do animal? (Levitico 7.8)

 



A história da oferta de holocausto que resultou em um sacerdote ficando com o couro do animal sacrificado

Na antiga cultura hebraica, os sacrifícios eram uma parte importante da adoração a Deus. Eram oferecidos em diferentes ocasiões, como para pedir perdão por pecados ou para agradecer a Deus por bênçãos recebidas. Um dos tipos de sacrifício era o holocausto, em que o animal inteiro era queimado no altar como oferta a Deus.

Levítico 7:8 é um versículo que descreve uma situação específica relacionada ao holocausto. Ele diz que, se um sacerdote oferecesse um holocausto em nome de alguém, ele ficaria com o couro do animal sacrificado. O couro era uma parte valiosa do animal, que poderia ser usado para fazer roupas, sapatos e outros itens.

Essa referência bíblica faz parte do livro de Levítico, que contém muitas leis e instruções para os sacerdotes e o povo de Israel. O objetivo dessas leis era manter a santidade e a pureza do povo de Deus, e garantir que as ofertas e sacrifícios fossem feitos de acordo com as normas estabelecidas.

No contexto do versículo, podemos imaginar um sacerdote oferecendo um holocausto em nome de alguém que precisava pedir perdão a Deus por algum pecado. O sacerdote escolheria um animal sem defeito, como um cordeiro ou um boi, e o sacrificaria no altar do templo. Depois que o animal fosse queimado, o sacerdote ficaria com o couro como uma espécie de recompensa pelo seu trabalho.

Embora possa parecer estranho para nós hoje em dia, na cultura antiga o couro era um item valioso e útil. Além disso, o sacerdote era responsável por muitas tarefas no templo, incluindo a realização de sacrifícios e ofertas. Por isso, o fato de ele ficar com o couro do animal sacrificado era uma forma de compensação pelo seu trabalho.

No entanto, é importante lembrar que o sacrifício em si era muito mais importante do que o couro ou qualquer outra recompensa material. Era uma forma de adoração a Deus e uma maneira de buscar a sua graça e perdão. O couro era apenas um detalhe secundário na história, que nos ajuda a entender um pouco mais sobre a cultura e as práticas religiosas da época.

Conclusão:

Em resumo, Levítico 7:8 é um versículo que nos lembra da importância dos sacrifícios na cultura hebraica antiga, e da recompensa que os sacerdotes recebiam por seu trabalho. Embora possa parecer estranho para nós hoje em dia, é uma parte importante da história bíblica e nos ajuda a entender melhor a cultura e as práticas religiosas da época.

Fonte: https://bibliadivina.com.br/levitico-7-8

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Corvo não é Urubu? (Mateus 24.28 e Lucas 12.24)

 O urubu e o corvo são aves diferentes, mas ambos são carnívoros.

São de famílias diferentes, mas têm a alimentação carniceira em comum. O corvo ainda pode ter uma alimentação mais variada, mas com o urubu é só carniça mesmo.



Corvos

Lucas 12.24, na Bíblia versão Linguagem de hoje (NTLH).

“24 Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves?”

Os corvos são aves da família Corvidae, conhecidas por sua inteligência e habilidades de resolução de problemas. Eles são geralmente menores do que os urubus, com penas negras e brilhantes. Os corvos possuem um bico forte e curvo, usado para se alimentar de frutas, sementes, insetos e pequenos animais. Além disso, essas aves têm uma cauda longa e afilada.







Urubus

Mateus 24.28, na Bíblia versão linguagem de hoje (NTLH).

“28 — Onde estiver o corpo de um morto, aí se ajuntarão os urubus.”

Os urubus, por sua vez, são aves da família Cathartidae, conhecidas por sua dieta necrófaga. Eles são animais grandes e imponentes, com plumagem predominantemente preta. Os urubus possuem uma envergadura de asas maior do que a dos corvos, além de terem uma crista na base do pescoço e uma cabeça sem pena. Essas características fazem com que os urubus sejam facilmente reconhecíveis.


Diferenças comportamentais:

Enquanto os corvos são conhecidos por sua inteligência e habilidades de resolução de problemas, os urubus são considerados mais oportunistas. Os corvos são aves altamente sociáveis, que formam grandes grupos e compartilham informações entre si. Já os urubus são mais solitários e preferem se alimentar em pequenos grupos ou individualmente.

Outra diferença comportamental entre essas espécies é o fato de que os corvos são aves barulhentas, com vocalizações variadas que são usadas para se comunicar com outros membros da espécie. Já os urubus são aves muito silenciosas, emitindo apenas alguns sons guturais e grunhidos.

Para um estudo mais aprofundado visite o site:

https://www.wikiaves.com.br/